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Em razão dos resultados negativos dos processos de alfabetização, não só no Brasil, mas em
outros países também, como Argentina, México e Estados Unidos, diversos estudos foram con-
duzidos para tentar entender esse fenômeno, ocorrendo mudanças paradigmáticas em meados
dos anos 1980. Vamos conhecer mais sobre isso? Então, acompanhe-nos!
VOCÊ SABIA?
Paradigma significa modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir de mo-
delo ou exemplo a ser seguido em determinada situação, são as normas orientadoras
de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir
dentro desses limites. Disponível em: < http://www.significados.com.br/paradigma/>.
1.3 Alfabetização e Letramento: novas
abordagens e suas implicações
Já parou para refletir sobre como é possível desenvolver um trabalho que privilegia o texto ao
contrário da tradicional preferência pelos conteúdos da sintaxe, da morfologia, da fonética e fo-
nologia tão difundidas pelos compêndios gramaticais e pela maioria dos livros didáticos? E como
fazer isso sem polarizar ora a alfabetização mecanizada, ora a ênfase exclusiva na utilização dos
gêneros textuais?
Nas últimas três décadas, ocorreram mudanças de paradigmas importantes e que trouxeram
consequências para a alfabetização. Vejamos como isso aconteceu!
1.3.1 As mudanças de paradigmas e as novas abordagens
Em meados da década de 1980, no processo de alfabetização, instaurou-se um novo paradigma
conceitual que reclamava outra prática pedagógica. As práticas tradicionais foram criticadas e
revistas quando a psicóloga Emília Ferreiro propôs uma revolução nessa área. Ela apresentou
resultados de pesquisas que indicavam como acontecia a evolução da aquisição da leitura e da
escrita pela criança ou por adultos analfabetos.
Nos EUA, as mudanças aconteceram primeiro e de forma mais ampliada, ou seja, em todo o
contexto de ensino. Já no Brasil, elas refletiram sobre a alfabetização com o domínio do cons-
trutivismo (de Piaget) e, posteriormente, o socioconstrutivismo (de Vygotsky). A Psicogênese da
Língua Escrita, de Emília Ferreiro, transformou “[...] a concepção do processo de construção da
representação da língua escrita, pela criança, que deixa de ser considerada como dependente de
estímulos externos para aprender o sistema de escrita” (SOARES, 2006, p. 10).
Em suas análises, Emilia Ferreiro procura demonstrar o papel ativo do sujeito no processo de
elaboração individual da escrita. Em suas relações com a escrita, a criança vai, ativa e esponta-
neamente, elaborando e testando hipóteses a respeito de como as palavras são escritas. Sendo
essas hipóteses de natureza cognitiva, elas dependem do desenvolvimento da inteligência da
criança. (FONTANA; CRUZ, 2007).
E o que significava isso na prática? Na continuidade do ensino da língua, não se tratava de
abandonar os conteúdos ditos “gramaticais”, mas sim trabalhar, concomitantemente, com o ma-
terial escrito ou com as práticas sociais da leitura – letramento. O que antes no ensino da língua
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